terça-feira, 17 de abril de 2012

Nas Asas da Rima , Canto Poesia.



“Poesia é quando a tarde está competente para dálias. [...]
Poesia é voar fora da asa.” Manoel de Barros







-Viva a poesia
que há
nos olhos dela.

-Oxalá,
ela quisera
acabar
com essa agonia.

Quiçá...
Em primavera
ou mar
me transformaria.

Viva poesia,
Catar
à Zeus e Hera.

-Sonho ou ficção,
Que sinto por ela?
querendo ou não,
é forte agonia,

é pura aflição!
Acede a vela
Morto estou, varão.
Cansei de valentia.

Viver poesia
vem cá
menina bela,
viva... a emoção!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sobre os Olhos



Meus olhos gritam impaciência.
Se minha voz é canto fúnebre
e meu corpo melancólico cala.
O tempo, novos gestos, encontros...
farão ressuscitar estigmas perfumados.

Oh, as flores...
Transgressoras da realidade.
Cujas pétalas acariciam minh'alma
e a seiva alimenta meu ego.

Arrotos íntimos que declamo a ti
no último púlpito de mármore frio.
Falecendo em som perturbador
mantras de teu silêncio.

Viverei!
As pálpebras me falam o caminho.
Cálice sublime, cristal ainda turvo.
a bebida me traz de volta ao ser.

Agora é findo...
aqui jaz a cachoeira.
aqui nasce um mistério.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Auto-poética II





Prefiro desatar-me
das correntes do estilo
Escrevo sobre tudo,
e o nada.
Sentimentos eu invento.

O poeta é um (re)criador.
Palavra é objeto.
Emoções são alegorias.

Canto as vozes que
me encantam.
Canto-as com 
tinta
e suor. 
Remendo-as com invenção.

Grafando no papel,
da maneira que aprendi,
sou poeta, sem inspiração.
Aqui,
sentimentos não cabem.

A imagem é a atração.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Auto-poética




Indubitavelmente é de sentimentos
que a minha poesia se constrói.
Declaro com toda certeza,
que é essa a natureza 
de qual se faz.

Palavra, técnica...
São apenas símbolos.
A poesia é alma.

Devaneios de poetas que brincam
com o real, com os sentidos...
sentimentos de pedra,
ora de Fedra
já não sei.

Quando escrevo
evolo as carências, busco a calma...
para um coração, vítima de um amor
proibido.




domingo, 22 de maio de 2011

Regressão ao Palhaço




No silencio da noite
o grito do luar
mostra-me
há um sorriso nas estrelas.

O cheiro do sereno
sobre os telhados molhados
falam-me
o palhaço não morre.

Bêbados deitados na calçada.
Nasce o sol no outro dia,
rompe-se
o silêncio pelos pássaros.

Oh, tímida flor
quero tua última pétala.
Irradia-me
que eu transfiguro em alegria.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Os Engenhos de Minha Terra



Dos engenhos de minha terra
Só os nomes fazem sonhar:

- Esperança !
- Estrela d'Alva !
- Flôr do Bosque !
- Bom-Mirar !


Um trino… um trinado… um tropel de trovoada…
e a tropa e os tropeiros trotando na estrada:

- Valo!
- Êh Andorinha !
- Ê Ventania !
- Ê...

"Meu Alazão é mesmo bom sem conta !
Quando ele aponta tudo tem temor…
A vorta é esta: nada me comove !
Trem, outomove, seja lá que for…"

"Por isso mesmo o sabiá zangou-se !

Arripiou-se foi cumer melão…
Na bananeira ela fazia: piu !
Todo mundo viu, não é mentira não…"

- Bom dia, meu branco !
- Deus guarde sua senhoria, Capitão !
........................................................................................
Dos engenhos de minha terra
Só os nomes fazem sonhar:

- Esperança !
- Estrela d'Alva !
- Flôr do Bosque !
- Bom-Mirar !

FERREIRA, Ascenso. Poemas de Ascenso Ferreira. 5 ed. Recife: Nordestal, 1995.